quando a depressão é a culpada por tudo quanto dói. por vezes sob o pseudónimo de sistema nervoso ou cabeça. e fazem-se cúmplices desse fardo externo, as doenças do corpo a multiplicar a insónia de sonhar.
Tão fácil aguardar a morte com as mãos vazias e a alma entupida com antidepressivos e ansiolíticos. ou apressá-la. acomodar-se aos rótulos e deixar de procurar.
Tão fácil quando a causa do que aperta o coração é passada ou respira pelos pulmões hiperinsuflados da ansiedade e do medo. quando os sopros e os frémitos desculpam a razão de querer amar.
Tão fácil culpar a história e o destino. temer um deus-polícia a distribuir infortúnios e injustiças.
Tão fácil fingir que a vida não nos pertence. agir como se não fossemos os únicos responsáveis pelas opções que tomamos. vender a alma a troco de um bode expiatório barato.
Tão fácil ver acasos em vez de pessoas. ser escravo e vítima da vida que não se quer ter.
Tão fácil ter medo da morte, quando no fundo o que existe é um terrível medo de viver.