Habituamo-nos a emprestar sentidos às palavras ditas.
Com recursos vários, entre estilos e camadas, sabemos bem como camuflar a nudez dos sentimentos. Exercitamos a técnica em cada jogada até perfazer a pontuação que inverte a verdade autêntica.
Com recursos vários, entre estilos e camadas, sabemos bem como camuflar a nudez dos sentimentos. Exercitamos a técnica em cada jogada até perfazer a pontuação que inverte a verdade autêntica.
Como se de organismos susceptíveis a maleitas e afins se tratasse, ensinam-nos a protegê-los do frio e da chuva. Aprendemos a gramática e exercitamos a expressão.
Até chegar o dia em que o melhor agasalho se revela inútil, porque a vulnerabilidade caminha de mãos dadas com a resistência.
E tornamo-nos resistentes à simplicidade das palavras despidas.
Resistentes à verdade desprotegida. Desaprendemos de dizer.
Salva-nos a paliação gratuita de quem nos estende a mão.
De quem nos despe os agasalhos frios. De quem nos aquece a alma com o calor genuíno das palavras que não podem ser ditas.
E juntos começamos a fazer da vida um jogo de silêncios.