segunda-feira, novembro 29, 2010

âncoras

estes pequenos abrigos que a solidão agarra e protege. as ínfimas certezas que só os sonhos enormes sabem entender e aceitar. as palavras repartidas que roubam ao tempo a pressa, diluindo as mágoas num sopro comum. os gestos gratuitos cujo único retorno é a surpresa imersa pelas rotinas e acasos da vida de todas as noites. as cavernas de silêncio habitadas pelos fantasmas a dilatar o negro das páginas passadas.

 
E a haste terminada pelas linhas que intersectam os membros, desenha o prolongamento da morte que morreu. da morte que o amor matou.

Porque sem as âncoras que nos devolvem à substancia transpirada do que acontece, somos eternos náufragos na incerteza  precária de um qualquer bote salva mortes. sem um porto seguro onde ancorar as latências da felicidade possível.

A antecipar medos e tempestades no diâmetro fechado de um farol ansioso.