sábado, abril 30, 2011

boneca de trapos (o sonho)

frágil e de trapos. pela mão, uma e outra vez.
mais uma vez,
hoje ainda não, hoje ainda quero sonhar mais um pouco

sem razão, os sonhos mais perfeitos. pois a razão dilui a perfeição das coisas sonhadas.
a razão concentra a realidade do que vale a pena.
(mas os sonhos não valem a pena)

hoje ainda não. hoje preciso de sonhar mais um pouco.
como quem dorme a lógica das vidas e acorda mais leve.
mais leve por não saber que há quem não possa sonhar. quem escolha viver os trapos em toda uma vida.

apagou a luz mas continuou a sorrir. e no fim de todos os sonhos, adormeceu o corpo frágil.
apagou a luz mas continuou a viver. a história inútil do amor.





domingo, abril 10, 2011

plasmaferese de domingo à tarde

ou a constatação da mentira vendida pelo tempo de boca-em-boca. Daquelas mentiras que incham a alma com a certeza de que tudo vale a pena.

É que mesmo quando a alma é maior do que tudo, nem sempre é a conversar que a gente se entende. Se assim fosse, o silêncio não passava de uma inutilidade barata, destituida de sentido, manifestando a desvontade da compreensão e empatia.

Mas não é verdade, porque as palavras são apenas uma reduzida parcela da comunicação.
Há muita coisa que não se ouve e faz barulho. E não se chama silêncio.